sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Eu tenho sonhos


Eu tenho sonhos...vivo de sonhos, alguns trago dentro de mim desde menina, alguns suscitaram agora, somente agora ao despertar da tenra juventude.. alguns tenho só para mim: Sonhos de me realizar em todos os âmbitos, de superar meus limites, enfim de ser feliz . Alguns eu tenho para meu mundo: o sonho da justiça, da ausência de miséria, de não existir violência, de ver o rosto do ser humano parecido com aquilo que Deus sonhou para nós ...
Sonho de ver a máscara da prepotência, da exclusão e do abuso de poder cair pra sempre.
Tenho sonhos simples e sonhos complexos. Sonhos simples de sempre estar pronta pra receber o sol, de sempre notar um sorriso, de sentir que alguém está precisando de mim e de sempre estar disposta a estender as minhas mãos a esse alguém. Sonhos complexos de ver a cura da AIDS, de ver governantes cuidando com respeito do nosso povo tão sofrido. Sonhos distantes do poder das minhas mãos ...
Sonhos que às vezes adormecem quando ligo a TV e me deparo com noticiários de pais que mataram seus filhos, de pedófilos simulando ser anjos, da fome atingindo crianças por esse mundo a fora.
...Sonhos que despertam quando vejo que não posso ser essa massa conformada com as injustiças e quando reconheço que uma gota d’água no oceano não é simplesmente mais uma gota d’água e que posso fazer a diferença nem que seja na vida de algumas pessoas . Fazer a diferença com meus jeito de pensar, com minha inconformidade diante de algumas situações, e principalmente fazer a diferença através de boas ações.
Eu sonho pra mim. Eu sonho pra você. Eu sonho os sonhos que desistiram de sonhar comigo e sonho em nunca deixar de sonhar.
Sonho em ver a educação prevalecer na vida de todas as pessoas. ver a ética estampada em cada jovem que eu cruzar. Sonho em ver as pessoas cumprirem seu papel de ser gente sem precisar de muito esforço para ser do bem .
Tenho sonhos simplórios, de caminhar descalça pela praia em noites de verão e de ver, ao lado de alguém, o sol nascer. Tenho sonhos excêntricos, de ver um dia, católicos, evangélicos, budistas, espíritas, incrédulos decididos a lutar pela união, respeitando as diferenças e se colocando num grau de igualdade.
Eu sonho com o não preconceito, com a não tirania, com a não bajulação, com a falta de pompa.
Sonho com a simplicidade, com os pés sentindo o chão, com o calor humano, com o achar que posso tocar as estrelas mas sem tirar os pés do chão.
Eu tenho sonhado os sonhos que meus pais sonharam pra mim, e também sonho os anseios que foram formados na medida em que fui crescendo e pude adquirir o meu próprio jeito de sonhar.
Enfim eu sonho em deixar de sonhar somente quando vir tudo concretizado, aí sim poderei dizer: sonhos não são utopias mas os sonhos são a força que me mantém viva, então exatamente ai poderei partir com a certeza de dever cumprido!




Autora: Adrianne Filber







O que fazer?

O que fazer quando não se sabe o que está sentindo? Quando tudo muda tão rapidamente que não damos conta de identificar o que está acontecendo em nosso íntimo?
...Dúvidas, confusão, indecisão, medo... Sim, medo é o que prevalece agora. Medo é o que tem me acompanhado com mais freqüência, com ele do meu lado acabo dando poucos passos, e todos com muita insegurança.
Até pouco tempo tudo parecia absolutamente igual, e não havia pretensão que fosse diferente, mas hoje o que há é uma necessidade de que o seja. Talvez já houvesse sinais de que tudo poderia mudar repentinamente, mas acho que eu me recusei a acreditar. Não me preparei para o novo, também não quis pensar nos desencontros, nas pessoas em que eu viria partir, e conseqüentemente, não me preparei para as perdas.
Hoje nada permanece como antes, pouco restou de mim. Hoje o que vejo é a vida sendo modificada mesmo quando eu não quero. O que encontro dentro de mim é um coração acelerado, ansioso, buscando um oásis. Por vezes se perdendo, por vezes se encontrando. Chorando as ausências que foram deixadas, esperando por novos motivos para sorrir, dando adeus aos “excessos” e acolhendo o que da vida não se pode jogar fora porque é essencial.
É estranho precisar seguir quando o que você mais quer é ficar. É difícil arrumar as desordens, jogar fora o que parece importante. É complexo ter que esquecer precisar seguir deixando algumas coisas que sabemos que nos farão falta, mas fazer o que? Nessa viagem louca da vida não há espaço para levarmos tudo. Algumas coisas já não servem para levar, já não cabem, ocupam muito espaço.
As vzs só nos resta aceitar que “ as folhas de outono não caem porque querem, mas porque é chegada a hora”...


Um desabafo sobre o amor...

Quando eu tinha você havia calma, eu sorria por tudo. Não me preocupava com o tempo nem ficava parada olhando para o celular a cada segundo esperando por uma ligação, aquela que você nunca prometeu, mas que mesmo assim eu vivo a esperar.
Quando eu tinha você, eu fechava os olhos e imaginava você chegando e algumas vezes você realmente chegava como numa espécie de telepatia. Eu sorria sozinha quando ouvia alguma música bonita. Eu não perdia meu sono, e costumava ler livros de romance. Eu sentia seu cheiro em minha roupa, e colecionava emails que se iniciavam sempre assim: “amor, hoje faz um mês de namoro”, “amor, hoje brigamos por uma bobagem e estou com muita raiva de mim mesmo”, “amor hoje sonhei com você”... Amor... Amor....
Quando eu estava com você eu tinha planos ilustres: viajar o mundo, concluir o curso de psicologia, escrever um livro, entre tantos outros. Hoje meus planos são estreitos, medíocres: ter alguma notícia sobre você, descobrir se ainda pensa em mim, saber se jogou fora nossas fotos, se ainda rir quando lembra das minhas crises bobas de ciúme, se ainda dorme com aquele sapo de pelúcia horrível que eu te dei, mas que você abraçava debaixo do seu cobertor somente porque tinha o meu perfume .
Quando você fazia parte dos meus dias, eu era mais alegre, mais sensata, mais eu mesma. Eu não precisava de um mísero cigarro de maconha para diminuir a solidão, simplesmente porque quando eu tinha você não havia solidão. Era só você chegar para eu me sentir mais viva, mais forte, mais segura. Eu me sentia completa.
Foi você me deixar para tudo mudar... Já não leio Machado de Assis. Também não curto mais teatro. Já não acordo feliz. Já não gosto tanto da noite, nem recebo flores.
Fazíamos coisas extraordinárias, e às vezes não fazíamos nada. Às vezes contávamos estrelas. Às vezes nos abraçávamos apenas sem precisar de palavras.
Bastou você ir pra minha vida ser pintada em tons de cinza, perder a graça, ficar sem sentido. E agora meus dias parecem mais compridos.
Uma vez ou outra, vou sozinha a lugares em que freqüentávamos e isso me deixa nostálgica, mas ao invés de chorar começo a sorrir porque continuo com aquela mania de querer aparentar que estou bem. Ainda tenho aquele orgulho que por vezes fez você duvidar que eu te amava. Permaneço querendo mostrar aquela força que só depois de muito tempo você descobriu que não existia, foi quando brigamos na virada de ano e acabei estragando a minha maquiagem. Eu até tentei, mas não consegui disfarçar. Lembro que você sorriu porque disse que somente ali descobriu que eu de fato te amava.
Por um bom tempo troquei as palavras por um silêncio que costuma ferir, porque não gosto de usar de pieguice. Ficar falando sobre sua ausência é algo que por muito tempo evitei fazer... Continuo saindo, tomo os mesmos drinks, e quando perguntam por você, embora machuque muito, uso escassas palavras: “não quero falar sobre isso, e se insistem, uso apenas uma frase: “é passado pra mim”.
Acontece que hoje eu quis falar sobre você. Eu já não suportava essas lembranças só pra mim. Talvez você já esteja com alguém, talvez apenas se cansou do meu jeito bobo de ser. Você sempre disse mais “eu te amo” do que fui capaz de dizer, você sempre me bajulou mais, me mimou mais, e por isso eu achei que seria pra sempre. Enganei-me. Hoje nada disso mais importa, eu só quis parar para escrever sobre você, sem cobrança, sem lástima. Hoje eu só quis ter o direito de dizer que sinto saudades, e que essa sufoca e faz mal quando mantida em segredo... Talvez tudo isso aconteça porque você não foi apenas mais uma pessoa que fez parte da minha vida e acabou indo embora. Você foi minha vida, e quando partiu acabou me levando de mim...

Autora: Adrianne Filber