sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Um desabafo sobre o amor...

Quando eu tinha você havia calma, eu sorria por tudo. Não me preocupava com o tempo nem ficava parada olhando para o celular a cada segundo esperando por uma ligação, aquela que você nunca prometeu, mas que mesmo assim eu vivo a esperar.
Quando eu tinha você, eu fechava os olhos e imaginava você chegando e algumas vezes você realmente chegava como numa espécie de telepatia. Eu sorria sozinha quando ouvia alguma música bonita. Eu não perdia meu sono, e costumava ler livros de romance. Eu sentia seu cheiro em minha roupa, e colecionava emails que se iniciavam sempre assim: “amor, hoje faz um mês de namoro”, “amor, hoje brigamos por uma bobagem e estou com muita raiva de mim mesmo”, “amor hoje sonhei com você”... Amor... Amor....
Quando eu estava com você eu tinha planos ilustres: viajar o mundo, concluir o curso de psicologia, escrever um livro, entre tantos outros. Hoje meus planos são estreitos, medíocres: ter alguma notícia sobre você, descobrir se ainda pensa em mim, saber se jogou fora nossas fotos, se ainda rir quando lembra das minhas crises bobas de ciúme, se ainda dorme com aquele sapo de pelúcia horrível que eu te dei, mas que você abraçava debaixo do seu cobertor somente porque tinha o meu perfume .
Quando você fazia parte dos meus dias, eu era mais alegre, mais sensata, mais eu mesma. Eu não precisava de um mísero cigarro de maconha para diminuir a solidão, simplesmente porque quando eu tinha você não havia solidão. Era só você chegar para eu me sentir mais viva, mais forte, mais segura. Eu me sentia completa.
Foi você me deixar para tudo mudar... Já não leio Machado de Assis. Também não curto mais teatro. Já não acordo feliz. Já não gosto tanto da noite, nem recebo flores.
Fazíamos coisas extraordinárias, e às vezes não fazíamos nada. Às vezes contávamos estrelas. Às vezes nos abraçávamos apenas sem precisar de palavras.
Bastou você ir pra minha vida ser pintada em tons de cinza, perder a graça, ficar sem sentido. E agora meus dias parecem mais compridos.
Uma vez ou outra, vou sozinha a lugares em que freqüentávamos e isso me deixa nostálgica, mas ao invés de chorar começo a sorrir porque continuo com aquela mania de querer aparentar que estou bem. Ainda tenho aquele orgulho que por vezes fez você duvidar que eu te amava. Permaneço querendo mostrar aquela força que só depois de muito tempo você descobriu que não existia, foi quando brigamos na virada de ano e acabei estragando a minha maquiagem. Eu até tentei, mas não consegui disfarçar. Lembro que você sorriu porque disse que somente ali descobriu que eu de fato te amava.
Por um bom tempo troquei as palavras por um silêncio que costuma ferir, porque não gosto de usar de pieguice. Ficar falando sobre sua ausência é algo que por muito tempo evitei fazer... Continuo saindo, tomo os mesmos drinks, e quando perguntam por você, embora machuque muito, uso escassas palavras: “não quero falar sobre isso, e se insistem, uso apenas uma frase: “é passado pra mim”.
Acontece que hoje eu quis falar sobre você. Eu já não suportava essas lembranças só pra mim. Talvez você já esteja com alguém, talvez apenas se cansou do meu jeito bobo de ser. Você sempre disse mais “eu te amo” do que fui capaz de dizer, você sempre me bajulou mais, me mimou mais, e por isso eu achei que seria pra sempre. Enganei-me. Hoje nada disso mais importa, eu só quis parar para escrever sobre você, sem cobrança, sem lástima. Hoje eu só quis ter o direito de dizer que sinto saudades, e que essa sufoca e faz mal quando mantida em segredo... Talvez tudo isso aconteça porque você não foi apenas mais uma pessoa que fez parte da minha vida e acabou indo embora. Você foi minha vida, e quando partiu acabou me levando de mim...

Autora: Adrianne Filber






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